terça-feira, 8 de fevereiro de 2022

Adolescentes foram torturados, tiveram braços quebrados e foram mortos de joelhos com tiro na nuca em Teresina, diz delegado

 Segundo a polícia, empresário, tio e primo participaram do crime e devem responder por duplo homicídio triplamente qualificado, cárcere privado, ocultação de cadáver e fraude processual. A defesa afirma que apenas o empresário e o primo têm envolvimento nas mortes.

Anael Natan Colins, de 17 anos, e Luian Ribeiro de Oliveira, de 16 anos, foram encontrados mortos — Foto: Reprodução/WhatsApp

Os adolescentes Luian Ribeiro de Oliveira, 16 anos, e Anael Natan Colin, 17 anos, foram torturados, tiveram os braços quebrados, foram colocados de joelhos e assassinados com um tiro na nuca. A informação foi divulgada nesta terça (8) logo após a prisão dos três suspeitos do crime, pelo delegado Francisco Costa, o Barêtta, titular do Departamento de Homicídio e Proteção à Pessoa (DHPP).

Segundo o delegado Barêtta, os dois jovens invadiram o sítio do servidor público Francisco das Chagas Sousa, 70 anos, no bairro Gurupi, Zona Sudeste da capital, para entrar em uma festa que acontecia no terreno ao lado. Após serem flagrados pelo proprietário, foram dominados por ele e pelo filho, o advogado Guilherme Carvalho.

Eles chamaram então o sobrinho de Francisco, o empresário João Paulo Carvalho, 35 anos, para que ajudasse a levar os dois jovens de lá. Na caminhonete do empresário, segundo a polícia, foram encontradas marcas de sangue. Um exame ainda vai indicar a quem pertence o sangue.

Depois disso, segundo a polícia, eles foram levados até o local onde foram mortos, no povoado Anajpas, às margens da PI-112, Zona Rural Leste da capital, a 20 km de distância de onde foram pegos. A polícia não informou se eles foram torturados no local, mas foram encontrados com os braços quebrados.

"O laudo do legista diz que eles foram mortos de joelhos, com um tiro na nuca, a arma praticamente encostada. Eles foram surpreendidos quando estavam entrando, ainda no muro para acessar a festa", descreveu o delegado.

Os adolescentes foram encontrados mortos em 15 de novembro, após ficarem dois dias desaparecidos.

Defesa mudou versão dos investigados

No dia 4 de fevereiro, a família mudou uma versão do caso apresentada anteriormente e apontou o empresário e o primeiro, João Paulo e Guilherme, como autores do duplo homicídio. A defesa continua mantendo a versão de que apenas o empresário e o primo têm envolvimento nas mortes.

Para a polícia, não há dúvidas da participação dos três no crime.

"A gente ainda está levantando a participação de cada um, mas já sabemos que todos três concorreram para a prática do crime. Temos aí um duplo homicídio triplamente qualificado, cárcere privado, ocultação de cadáver e fraude processual. Um verdadeiro rosário de crimes", disse o delegado.

Segundo os advogados Lúcio Tadeu e José Vinícius Farias, os dois teriam levado os adolescentes para o local do crime e matado os dois a tiros.

O advogado disse que a decisão de trazer a nova versão à público foi tomada após uma reunião entre os familiares, as pessoas envolvidas no caso: o servidor público dono da casa que os adolescentes teriam invadido (que chegou a assumir a autoria do crime em depoimento) e sua esposa, o advogado Guilherme de Carvalho, filho do servidor público, o empresário João Paulo Carvalho, sobrinho do servidor público e Amauri Mendes, cunhado de João Paulo.

Na nova versão, apresentada pelos advogados Lúcio Tadeu e José Vinícius Farias, eles informaram que os dois adolescentes invadiram o terreno do sítio do tio e da tia do empresário na noite do crime. No local estava ainda o filho do servidor, primo do empresário.

A invasão foi logo percebida pelo servidor público e o filho. Eles encontraram os adolescentes e conseguiram dominar os dois, segundo a defesa.

Em seguida, o servidor ligou para o sobrinho João Paulo, e pediu ajuda dele para lidar com a situação. João Paulo chegou à casa logo depois em sua caminhonete, acompanhado pelo cunhado, ainda segundo os advogados.

Os envolvidos teriam relatado, segundo o advogado, dificuldades em acionar a polícia para que levassem os adolescentes.

Aqui, o relato mudou totalmente em relação à versão anterior apresentada. Ele disse que, ao chegarem ao sítio, os adolescentes foram colocados na caminhonete, e levados do local por João Paulo e o primo. O servidor público, sua esposa e o cunhado de João Paulo ficaram em casa.

Durante o trajeto, conforme a defesa, eles teriam tomado a decisão de matar os adolescentes. Então os jovens foram levados para a rodovia PI-112, na altura do povoado Anajás, entre Teresina e União, a cerca de 20 km da casa, onde os dois foram retirados do carro e assassinados a tiros.

 Fonte: G1 PI



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