O trabalhador autônomo de 46 anos
suspeito de ter estuprado pelo menos quatro crianças em Lagoa de São
Francisco usava jogos de computador para seduzir suas vítimas. A
revelação foi feita pelo pai de uma das meninas
abusadas. Segundo ele, que não terá seu nome publicado em respeito ao
que estabelece o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), o acusado
era "um homem em quem a família sempre deu muita confiança e um amigo de
dentro de casa".
Os abusos aconteceram há quatro anos. "Ela (filha) não contou nada
para mim. Deixei que ela falasse para a mãe. Depois soube que ele atraía
minha filha com jogos de computador. Enquanto ela jogava, ele ficava
pegando nela. Ele fez o mesmo com a minha sobrinha", disse o pai.
A filha tinha nove anos na época dos abusos. A sobrinha, praticamente
a mesma idade. Nenhuma delas, porém, teve coragem de denunciar o
agressor naquele instante. O caso só veio à tona há poucos dias, quando
uma delas resolveu tocar no assunto com uma amiga. "Ela contou para a
filha de uma professora. Depois, a professora falou com a minha esposa.
Demorei dias para acreditar. Foi um choque muito grande", comentou o
pai.
O baque foi maior porque o suspeito era um velho conhecido da família
- ele também é popular em Lagoa de São Francisco, a 195 quilômetros de
Teresina, onde já trabalhou como locutor de rádio. "Ele era de dentro de
casa. Conheço há muito tempo. Era um amigo em quem a família sempre deu
muita confiança", contou o pai.
Desde que as denúncias explodiram na cidade, o suspeito chegou a
procurar a família da vítima para tentar se explicar. "A mulher dele me
procurou para dizer que ele era inocente. Mas eu não quis conversa.
Ninguém vai dizer que é culpado. No dia seguinte, ele também me
procurou. Não quis falar com ele também", afirmou o pai da adolescente
que foi a primeira a delatar o autônomo de 46 anos.
Apesar da natureza do crime, o pai não quer vingança. "Espero que
seja feita a justiça. Não desejo vingança. Ele deve responder pelo que
fez".
Investigação
Enquanto o clima de comoção toma conta de Lagoa de São Francisco, a
Polícia Civil segue investigando os abusos. O trabalhador autônomo é
suspeito de ter estuprado pelo menos quatro crianças. As vítimas tinham
entre oito e 10 anos quando foram violentadas - segundo o delegado
Genival Vilela Lima, duas delas chegaram a ter relações sexuais com o
agressor.
A Delegacia de Pedro II, responsável por investigar o caso, apurou
que os abusos aconteciam na casa ou no local de trabalho do suspeito.
Desde o início da semana, pelo menos dez pessoas, entre possíveis
vítimas, testemunhas e familiares, já foram ouvidas pela Polícia Civil. O
próprio suspeito também já testemunhou - e negou tudo.
Caso sejam comprovados os abusos, o trabalhador autônomo deve ser indiciado pelo crime de estupro de vulnerável.

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