Quando
deixar o presídio Ary Franco, em Água Santa, Edmar Santos de Araújo, 23
anos, preso acusado de aplicar golpes encarnando o falso pai de santo
Bruno de Pombagira deve voltar às origens: a casa da mãe.
Na
manhã da última sexta-feira, o imóvel onde vivia e atendia seus
clientes, no bairro Jardim Nova Era em Nova Iguaçu, foi desocupado. A
Justiça determinou que Pai Bruno fosse despejado e, mesmo não tendo sido
notificado, seu advogado resolveu esvaziar a casa. A reportagem
acompanhou a retirada dos pertences com exclusividade.
No imóvel, dois locais eram
usados para os trabalhos: um pequeno quarto, onde ficavam várias imagens
de entidades; e o quintal, onde Pai Bruno fez um barracão para realizar
festas. Em volta dos santos, mais marcas dos rituais de Pai Bruno:
várias imagens estavam sujas de sangue de animais e tinham farofa de
dendê a seus pés. Numa delas, havia ainda balas de revólver.
Pela casa, o falso pai de santo
tinha deixado para trás vários trabalhos para as entidades que evocava.
Muitas, com comidas, estavam podres e cheias de bicho. Numa bandeja,
havia abacaxi, maçã, uva, bombons e moedas. As frutas, estragadas,
exalavam um cheiro terrível.
Mas os elementos referentes à macumba
estavam apenas nos locais de trabalho de Pai Bruno. Dentro da casa, que
também servia como sua residência, não havia sequer um elemento que
fizesse referência à “nova religião”. Para decorar a porta do quarto,
Edmar optou por imagens de borboletas roxas. Tudo com a doçura que sua
mãe usa para descrevê-lo.
Por mais que a transformação
pareça ter sido radical e definitiva, na intimidade Edmar despia-se do
personagem. A sós, o falso pai de santo recorria à música gospel para
buscar sua própria paz espiritual. Nessa hora, entidades como Lúcifer e
Tranca Rua, que usa para fazer os trabalhos de seus clientes, batem em
retirada. O que ele ouvia mesmo eram os pastores evangélicos.
Até o toque do celular de Pai
Bruno era uma música evangélica. A própria família sabe que Edmar não
deixou de existir. O irmão Luvimar conta que a última vez em que
estiveram juntos foi no Domingo de Páscoa, quando se reuniram para um
almoço na casa da mãe:
— Naquele dia, ele era o Edmar. Era meu irmão. Estava carinhoso e brincalhão. Foi maravilhoso.
Dona Jussiara tem certeza de que
terá o filho Edmar de volta, “trazido por Deus”. Mas não se conforma em
ter tido seu nome envolvido na prisão de Pai Bruno. Uma das vítimas
apresentou à polícia um comprovante de depósito feito na conta da mãe do
falso pai de santo, o que levou a polícia a investigar sua participação
no caso.
— Não tenho ligação nenhuma com o
trabalho do meu filho. A família toda, aliás, não tem nada com isso.
Nós o amamos e estamos aqui para recebê-lo, mas o Edmar pegou o número
da minha conta quando emprestei a ele meu cartão de crédito.
— defende-se da acusação de suposto envolvimento com os golpes aplicados pelo filho.
Fonte:Extra
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